NOTÍCIA

ago 08

Custo de transporte e tarifas alfandegárias são os principais obstáculos às exportações brasileiras

Pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI) reflete a realidade das 20.322 empresas que exportaram em 2015, por porte de empresa e região do País.

Custo do transporte, tarifas cobradas por portos e aeroportos, demora na liberação de mercadorias e dificuldades no escoamento da produção reduzem a competitividade do produto brasileiro para exportação. É o que mostra a pesquisa Desafios à Competitividade das Exportações Brasileiras, da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP).

O trabalho, único no país, apresenta os resultados tendo como base o número de empresas exportadoras, e não a receita dessas empresas, como tradicionalmente utilizada em outras pesquisas. Esta abordagem evita que dados de poucos e grandes exportadores impactassem significativamente os resultados da pesquisa. “A pesquisa aponta que, se o Brasil quiser realmente ser competitivo, é necessário reduzir a morosidade e a burocracia aduaneira e alfandegária, simplificar o fluxo documental e legal do processo de exportação e melhorar a infraestrutura logística para o escoamento”, diz o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

Mais de 70% das 847 empresas pesquisadas exportaram nos últimos cinco anos, o que significa que esses problemas são enfrentados por exportadores experientes. “É o melhor retrato que se pode ter dos problemas enfrentados pelas empresas exportadoras brasileiras. Com os dados, queremos fazer propostas e ajudar o governo a acertar no comércio exterior”, diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi.

Os coordenadores da pesquisa, professores Juliana Bonomi Santos e Alexandre Pignanelli, do Centro de Excelência em Logística e Supply Chain (GVcelog) da FGV-EAESP, destacam a estratificação ampla dos resultados: “A grande amostra utilizada permite que os resultados sejam avaliados também por porte, por região, e por qualquer combinação entre essas duas características, possibilitando assim a identificação de obstáculos particulares para, por exemplo, micro empresas da região Norte ou grandes empresas da região Sudeste”.

Os exportadores indicaram 62 entraves ao comércio numa escala de 1 a 5, sendo que 1 indicava que o entrave era pouco crítico e 5 que o entrave era muito crítico. De acordo com a pesquisa, entraves na logística, burocracia e custos alfandegários são os maiores desafios às exportações brasileiras, qualquer que seja o porte da empresa ou região geográfica. O custo do transporte, por exemplo, recebeu nota 3,61, as tarifas cobradas por portos e aeroportos, 3,44, e a baixa ação do governo em superar as barreiras à exportação ficou com 3,23.

“Se olharmos os 10 entraves mais críticos por região, veremos que, de forma geral, os exportadores consideram os mesmos problemas, o que muda é o nível de criticidade. No Nordeste, os exportadores são mais afetados pelos elevados juros para o financiamento da produção. No Centro-Oeste, a situação das rodovias é o maior problema”, avalia Abijaodi.

Com relação à burocracia alfandegária, também são entraves críticos as tarifas cobradas por órgãos anuentes (3,04), excesso e complexidade dos documentos de exportação (3,03) e o tempo para a fiscalização, despacho e liberação de produtos (3,0). Para acessar mercados externos, 37,3% dos exportadores apontam a burocracia administrativa como principal obstáculo e 36% reclamam da burocracia aduaneira no país de destino. Para um terço dos exportadores, as tarifas de importação afetam a competitividade.

NOVOS MERCADOS – Cerca de 30% das empresas exportadoras pretendem começar ou intensificar sua atuação nos Estados Unidos e na Argentina. Os Estados Unidos são o principal mercado-alvo para exportadores de todas as regiões. Quando se olha o dado regionalmente, 34,3% dos empresários do Norte gostariam de exportador para os Estados Unidos. No Centro-Oeste brasileiro, apenas 16,7% querem ir para os EUA. Para a Argentina, querem ir 12,5% dos exportadores do Sudeste e 12,4% do Sul do Brasil.

A pesquisa mostra ainda que apesar da baixa exportação para países da Ásia, Oceania e Oriente Médio, há um interesse crescente nesses destinos. Atualmente, 8% das empresas brasileiras atuam nestas três regiões, mas 23% dos exportadores visam atuar nestes mercados.

ACORDOS COMERCIAIS – O estudo indica que 23,9% dos exportadores brasileiros querem acordo comercial com os Estados Unidos e 16,1% têm interesse em um acordo com a União Europeia. A assinatura de acordos comerciais ganha força pelos entraves que os empresários enfrentam no país comprador. A burocracia administrativa e aduaneira no país de destino e a presença de tarifas de importação são, na visão de ao menos 32% dos exportadores, os principais obstáculos enfrentados para conseguir vender seus produtos e serviços. As medidas sanitárias e fitossanitárias são, para 20% dos exportadores, um importante obstáculo a ser vencido. “Os acordos comerciais são o caminho para se reduzir esse entrave. E os empresários mostraram que querem acordos com EUA, UE e Mercosul”, diz Abijaodi.  Para os exportadores do Norte e do Nordeste, as medidas sanitárias e fitossanitárias são mais relevantes do que a burocracia aduaneira e as quotas de importação.

TRIBUTAÇÃO – Tributos federais e estaduais estão entre os que mais impactam as exportações. 43,6% disseram que PIS/Cofins é o tributo que mais impacta na competitividade das exportações; 37,2% citaram o Imposto de Renda; 33,5% reclamaram do ICMS. O imposto de importação de insumos para exportação, IPI e CSLL foram citados, em média, por 22,2% dos exportadores.

ENTRAVES INTERNOS – A maioria dos exportadores não utiliza instrumentos de financiamento às exportações. Na opinião de 52% deles, isso ocorre principalmente devido à dificuldade de acesso às informações sobre os instrumentos e à exigência de garantias para financiamentos. Para a CNI, esse dado indica que há espaço para a simplificação dos regimes de financiamento e para a melhoria na gestão da informação fornecida aos exportadores.

PESQUISA – A pesquisa entrevistou 847 exportadores entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016. Esse número representa 4,17% das 20.322 empresas que exportaram em 2015. Essa amostra produziu, em nível Brasil, resultados com margem de erro de 3,3%, para um nível de confiança de 95%.

Sobre o Autor

Comentários:

 

Resultados relacionados

 

 

Resultados relacionados

 

 

Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados


Resultados relacionados

 

Resultados relacionados